sexta-feira, 20 de maio de 2011
sobre pepperoni e refrigerante
"Pelo inferno e céu de todo dia
pra poesia que a gente nem vive
transformar o tédio em melodia..."
por um instante o pepperoni ficou mais ardido; dei trinta e duas mastigadas pra engolir as palavras junto.
não pensar no que foi; principalmente porque não foi. pensar no que é. no que está sendo.
porque quando os dedos dele agarram os meus, as minhas defesas simplesmente deslizam pelos vãos de nossos dedos e não há nada que eu (queira) possa fazer.
as horas só me aparecem em digitais das avenidas. tem sempre algum radar pedindo calma.
e quando fica escuro, espero qualquer sussurro de voz, qualquer coisa que queira dizer, porque eu não sei perguntar.
naquelas paredes rachadas agora só cabem minhas certezas, só cabem o que eu quero que caiba., aquilo que não me massacra, não me magoa, não me persegue.
não há espaço para veia do braço pedindo alívio no estômago.
e até o tanto faz tem virado escolha certa.
o medo é incrivelmente pertubador, mas não mais quanto os dentes se sobrepondo à insegurança. não que seja uma certeza... é que não massacra, não magoa.
e eu nem ligo quando a água do filtro acaba.
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