domingo, 9 de fevereiro de 2014

so, so you think you can tell heaven from hell?


janelas do carro aberta, um sol quente fazia minha pele parecer derreter.
um sol quente que dava dor de cabeça.
queria ter parado em qualquer lugar, mas eu segui em frente.
........

eu não sou a garota dos poemas, eu não a menina delicada. nunca fui a moça da voz delicada e das palavras certas.
eu era a moça torta, eu era menina que batia boca, eu era a menina que tocava o foda-se. e ninguém nunca me tirou pra dançar.
.............

esses dias me veio à memória nossos longos e-mails, os filmes de madrugada e as palavras nunca ditas. a separação sem explicação. a amizade quebrada como um cristal.
.........

então, veio alguém e catou esses caquinhos delicados.
.........

desci as escadas correndo com os olhos transbordando não as lágrimas, mas a dor. eu tinha sido eu mesma todo esse tempo e mentiram sobre tudo pra mim.
...........

e mesmo assim, meu coração ainda estava lá intacto, parecia que eu nunca tinha amado ninguém antes. e nem naquele momento. eu sofri porque eu não queria perder o que eu tinha.
.........

olharam em meus olhos e disseram: não quero que você vá.

..........

e eu disse: não posso ficar. eu nunca fico.
e eu fui embora pra sempre.

..........

eu não sei ser quem os outros esperam que eu seja. e durante muito e tanto tempo eu só esperei algo que me fizesse sentir viva e me tirasse de toda angústia que eu sempre carreguei pelo peso de ser quem eu sou.

..........

sala escura, só a tela do computador iluminava. e me lembrei de quando eu tinha 18 anos. e de como era bom estar onde eu estava. com todas as minhas feridas abertas, e com toda aquela solidão que me protegia de ser machucada novamente. eu ainda não estava pronta.

............
2 anos haviam se passado desde então... era a primeira vez que meus pés se cansavam da liberdade da dança. voltei pra casa cruzando os pés de alegria. finalmente sentia-me viva.
e pude seguir em frente.
............

com amor. com cuidado. com coragem.



2 comentários:

  1. Eu tô um pouco atônita e senti um sopro de vento frio no peito, mas deve acontecer isso quando uma coisa bate forte na gente, sobretudo quando encosta na aorta e tal. Não é possível descrever quão grande a identificação com cada letra disso.

    ResponderExcluir
  2. Primeira vez que entro nesse blog, onde encontrei devido a letra de uma das minhas músicas favoritas e logo nas primeira palavras sinto meus sentimentos e medos sendo transformada em texto, fiquei arrepiada sinto meus pés desdobrarem porque eles reconhecemesse passos de dança liberdade....ja faz quase dois anos também. Texto brilhante moça!

    ResponderExcluir