quarta-feira, 18 de maio de 2011

por que a gente não segura a língua de luz apagada?

18h30 e o pôr-do-sol não transcorre mais a pele dela; o frio parece congelar um coração que talvez não fizesse mais sentido àquele corpo: parara de bater antes mesmo do outono.

o peso da mochila nas costas assemelha-se ao peso do mundo (o dela). às vezes dói. às vezes é só ponderar as alças de um lado para o outro. às vezes é insuportável.

risca uma prova do calendário, madruga pra fazer relatório atrasado; serve cerveja aos sábados (às vezes). esquece que tem um coração. ganha um beijo da vitória. ganha um coração da isadora. ganha uma certeza de vida.
-Isadora, me empresta seu coraçãozinho?

o celular faz aquele barulinho de: "você tem 1 mensagem", abro a mensagem e abro um sorriso. escreve. apaga. rescreve. salvar em rascunhos. enviar.

senta, pede um chocolate quente. faz um outro pedido. sorri. presta atenção nas delicadezas dos detalhes cotidianos desapercebidos.
os dedos dele escorrre pela mesa e agarro os dela.
carrega sempre na voz doce um sorriso. só fala grosso quando é conveniente.

gosta mais de marx do de weber. odeia weber. desde o cursinho. carregar bandeira dá medo se você não pode sustentar.

vermelho para um lenço é uma ótima escolha.

iogurte desnatado com polpa de morango é o meu favorito. a textura é boa. aprendi.

arrasto comigo umas listras lilás e olhares incrédulos. sim. essa sou eu.

ele a chama até sua mesa é pergunta: -por que você não me entende? ela responde: - porque você fala pausadamente. e eu odeio isso.

e eles caem na risada quando ele se pega dizendo bordões dela. eles se entendem.

a dom pedro é tão fria à noite, mas não dói quando meus braços agarram tronco dele.

ela me ligou: -você está fotografando meus quadros? tem mais um! mas vai caber no seu quarto?
é claro que vai mãe, adoro seus quadros, adoros suas cores, até mesmo cinza mamãe.


as coisas vão acontecendo e eu não estou conseguindo exergar o que há por detrás delas... elas simplesmente acontecem.
e eu não sei se isso significa que estou vivendo ou não.
mas não estou parada.


22h30, parece que um coração bate. e é o meu.

(das coisas que se dizem de luz apagada).



"ela tem muita dúvida como todos têm. mas nem todos sabem a beleza de saber lidar com a tristeza. ela sabe."

4 comentários:

  1. é duro lidar com a tristeza.
    ela sempre está ali , na espreita, basta dá uma brecha, e ela chega, e se apodera...

    ResponderExcluir
  2. por vezes parece que carregamos o mundo nas costas..bjs ..lindo texto adoro.

    ResponderExcluir
  3. é que as vezes dói lidar com a tristeza, né flor?
    e aí a gente aparece assim pelo mundo. perdidos...

    adorei o texto!

    beijinhos*

    ResponderExcluir
  4. Adorei seu texto.... me senti açi dentro vendo tudo como uma telespectadora. Por vezes me identifiquei como se vc contasse a minha história. Parbéns pelo talento!

    ResponderExcluir